sábado, 29 de setembro de 2007

Tecnologia dos valores

O senhor João Miranda, que escreve no 'Diário de Notícias', é investigador em Biotecnologia, mas também gosta de mandar cá para fora as suas impressões sobre a vida. No dia de hoje, no DN, discorre sobre os valores, o Estado, a transmissão dos mesmos, a sociedade, a ética, a moral, a sobranceria, o pano de fundo do debate político, e muitas outras coisas. Entre o todo luminoso, destaco a seguinte passagem que prima pela obtusidade, mas que ainda assim é bonita:

"Pode-se argumentar que o Estado deve transmitir os valores consensuais. Mas os valores consensuais estão em todo o lado. Na televisão, em casa, nos grupos de amigos e nas empresas."



O "estar maravilhado"

Luís Filipe Menezes, o vencedor das eleições no PSD, disse no discurso de vitória que "o PSD é maravilhoso". E depois, um bocadinho depois, disse que o PSD ia começar a acalentar a esperança dos velhinhos que não têm dinheiro para comprar medicamentos, e de uma classe média "depauperada".
(Antes, Paula Teixeira da Cruz dizia em entrevista à SIC que o PSD das causas, dos valores e dos princípios, representado por Marques Mendes, tinha perdido as eleições no PSD).
Eu, por mim, fiquei maravilhado.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Exercícios de ceroulas

É sempre bom mantermos o corpo e a mente revigorados, mesmo que seja de ceroulas. Para este efeito, e como proposta de fim de semana, temos o texto de João Lopes sobre o episódio Santana vs SIC Notícias.

Devagar, devagarinho

A provocação necessária para a convocação da terceira vaga está toda no Post Scriptum de Nuno Rogeiro, no 'Jornal de Notícias'.

Hibernação atenta

‘A China é um gigante adormecido, e no dia em que acordar o mundo vai tremer’

Napoleão Bonaparte


É bom pensarmos que foi a intervenção de Gordon Brown a pedir a convocação de urgência do Conselho de Segurança das Nações Unidas que evitou um banho de sangue maior na Birmânia, ou irmos até mais longe e considerarmos que foi o discurso ameaçadorzinho de George W. Bush na sede da ONU que impressionou a Junta Militar birmanesa e a fez recuar no gasto de balas. É mais certo, mais confortável, mais fácil do que pensar que foi Beijing a colocar aquilo na ordem. E é mais fácil ainda evitar pensar sobre as consequências que o acumular destes precedentes na cena internacional (mesmo sendo na zona de influência do império do meio) poderão vir a ter.


Verdade sobre a comunicação social em Portugal

1. O 'Sol', o "novo" semanário "de referência" em Portugal, diz isto, e depois coloca isto integrado num índice de artigos de opinião.

Verdade política social democrata

1. Os Açores afinal são mais ou menos parte do território nacional.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Os critérios da presunção (II)

O "caso Pedro Santana Lopes" está a provocar celeuma nos corredores dos blogs nacionais (esperam-se reacções em elaborados artigos de opinião de mentes mais respeitadas na praça para os próximos dias). Os considerandos sucedem-se: Santana esteve bem, e a SIC esteve mal; estranheza quanto ao facto de muitos jornalistas se ingurgirem contra o "critério editorial" de Ricardo Costa e companhia, espicaçando assim a discussão corporativa (que no caso dos jornalistas nunca provocou conclusões mais que primárias), ou Santana provou um pouco do seu próprio rasto, qual ex-Presidente de Clube da Bola, qual ex-(?) jet-setter feliz nas páginas das revistas, ou ainda Santana prepara manobra das grandes para os próximos dias, e este foi só um pequeno episódio iniciático. As apreciações podem ser variadas, mas a verdade é que a opção da SIC Notícias (mesmo que feita em cima do joelho, sem tons obscuros, e por uma ganância relativa a números) continua a ter em si uma carga de abjecção. A opção tomada segue a melhor linha de dinâmica circense implícita na maioria da comunicação social (e não só em Portugal).
A justiça quando nasce, é para todos. Observando esta máxima, nada mais didáctico que chamar a atenção para uma notícia divulgada pelo mesmo meio de comunicação que ontem fez aquele belo número. Perante isto, nem mesmo os mais acérrimos defensores da arruaça poderão mandar a sua posta.

Twilight Zone

O Santana é que tem razão, e muita - "Está tudo doido".

A média

Corruptos? Naaaa... somos assim assim.

A presunção do critério

Pedro Santana Lopes concedeu uma entrevista à SIC Notícias na noite de ontem, tendo esta sido interrompida a meio devido à chegada a Lisboa de José Mourinho. Ricardo Costa, responsável pela informação do canal noticioso afirmou em declarações à TSF (reproduzidas na edição das 08h00 do dia de hoje) que a atitude de Santana Lopes foi “inusitada” e “desproporcionada”, mas que, apesar de tudo, o critério editorial é discutível. A mim parece-me que o critério editorial é o elemento menos discutível em todo este episódio. Ao posicionar-se ao melhor nível da TVI nos tempos áureos, a SIC Notícias perde credibilidade, mesmo quando interrompe Pedro Santana Lopes. Ao assumir que critérios editoriais como este vingam numa emissão em continuidade de um canal com as características da SIC Notícias, Ricardo Costa assume todo o potencial volátil no estilo de um orgão de informação que, supostamente, apregoa a excelência de posicionamento como um dos seus maiores trunfos que passarão agora a ser, certamente, mais discutíveis.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O total global

O exemplo inglês.

Outsourcing

O globalizing do outsourcing.

Atraso

O delay de Vasco Graça Moura.

Nós na Europa

Pondo de parte a tentação de discurso sobre a pintura rosa do novo Estatuto do Jornalista, aprovado na Assembleia pela maioria, chamo a atenção para a ambição federalista europeia:

http://dn.sapo.pt/2007/09/26/media/federacao_europeia_ataca_aprovacao_e.html

Run and take the money...

A fuga à crise, esperemos.

No "Middle West" nada de novo...

Tal como previsto, nada de mais foi adiantado na crónica partidária em três actos assinada por Carrilho no 'Diário de Notícias'.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

As formas de culto

A Ler:

http://commentisfree.guardian.co.uk/sasha_abramsky/2007/09/americas_cathedrals.html

Qualquer cidadão é hoje insuspeito quando lança uma dose variável de verborreia sobre a administração Bush, sobre Bush, ou sobre a guerra no Iraque. Os factos denunciam que, de forma encoberta, ou não, obedecendo a interesses obscuros ou simplesmente em prol da boa máquina capitalista, Bush entrou no Iraque por causa do petróleo, e provavelmente vai entrar de igual forma no Irão, e continua a negociar petróleo com o regime de Chavez. Os ecologistas reaccionários, os progressistas capitalistóides e todos os intelectuais proletários que continuam a adquirir bens fora das comunas e respondendo às necessidades mais frívolas, continuarão eles também a abastecer as suas viaturas de combustível, ou simplesmente a pagarem para andarem de transportes públicos.
O autor do artigo em cima explana as suas impressões sobre a presença efémera do regime de Bush na história do mundo, e sobre os monumentos naturais que perdurarão, esses sim, nos pergaminhos do planeta Terra. Tenho alguma curiosidade sobre a postura e o apostólico conteúdo do discurso quando chegar a hora de começar a esburacar o Árctico para continuar a ter aquecimento em casa, ou se se hesitará em destruir metade da floresta equatorial ou outra para garantir pão à mesa.

O homem moderno

A notícia em baixo ajuda a explicar muita coisa nos dias de hoje, da fuga para a frente da candidatura de Menezes no PSD, ao cidadão mais desprevenido que foge do arrumador de carros.


http://news.yahoo.com/s/livescience/20070925/sc_livescience/modernhumansretaincavemanssurvivalinstincts

Carrilho e as reformas

Manuel Maria Carrilho defende, na edição de hoje (25 de Setembro) do ‘Diário de Notícias’, as suas propostas, mais ou menos teorizadas, com vista à prossecução da reforma e ao engrandecimento da máquina partidária, em particular, a do Partido Socialista. No dia de ontem (24 de Setembro) num primeiro artigo que serviu como exercício introdutório à sábia prosa agora apresentada, Carrilho acabou por defender que o PS precisava de criar “blogs” temáticos com vista à plena discussão e profícua manifestação de ideias dentro do partido. Referiu-se ainda o douto ex-ministro a um “think tank de referência” e elaborou mais, falando em “estruturas leves, lusófonas, internacionais”. Ora esta apresentação encontra semelhanças num dinâmico clube de ideias, em que os benefícios de ser membro costumam ir muito além do contentamento e compensação intelectual, em que a médio prazo poderemos até, quem sabe, garantir algumas benesses futuras, como um desconto nas quotas, ou até mesmo um benefício mais ou menos claro, mais ou menos prático para os seus membros, ou para algum seu familiar. Esta elaboração livre sobre o raciocínio de Carrilho encontra paridade na dissertação apologética do governo e da sua maioria absoluta feita pelo ex-ministro, na coluna de hoje.
Após o andamento de retórica na parte introdutória, Carrilho discorre sobre o messianismo do governo de Sócrates. O défice surge à cabeça, com a referência plausível de que este deverá situar-se perto dos 3%, mas continua com as garantias públicas de que a segurança social está hoje a caminho de uma plataforma sustentável, algo em que nem todos têm que acreditar. Os méritos continuam ser desfiados, com a alusão ao crescimento repartida na varinha mágica do governo, e isto apesar da dúbia e periclitante situação económica mundial, com o euro em valores nunca antes vistos em relação ao dólar, e com todas as consequências nefastas que daí advêm para a economia europeia. Carrilho refere depois que os portugueses estão satisfeitos com os resultados do e-government e com a crescente desburocratização, e que estão expectantes em relação à reforma do Estado, mas a verdade é que não. As dificuldades concretas em resolver problemas práticos continuam a ser reais, e as opções estratégicas tomadas são sempre as mais infelizes, como o encerramento de maternidades e centros de saúde. As opções deveriam antes passar pelas medidas de fundo, como a rápida e eficiente capitalização desses mesmos serviços, por exemplo através da criação de incentivos de facto para a fixação de populações nas áreas em questão. Quanto ao novo aeroporto, basta referir a tomada em mãos por parte de Sócrates de um dossier que tem tanto de cómico como de trágico. O cómico provém da postura inerte de Mário Lino, e o trágico devido aos números abjectos envolvidos numa infra-estrutura cujos benefícios a longo prazo são certamente menores que aqueles encontrados num investimento bem menor numa área como a formação.
O governo Sócrates já teve o seu canto do cisne, e a partir de agora, os sinais da decadência vão apenas tornar-se mais corrosivos. As óbvias justificações de Luís Amado sobre a não-recepção oficial ao Dalai Lama, o novo Estatuto do Jornalista votado pela maioria no Parlamento, a concentração do domínio das polícias no futuro coordenador de todos os orgãos da polícia criminal em dependência directa do primeiro-ministro, o ímpeto despropositado na aplicação do programa de troca de seringas nas prisões, todos estes “pequenos” episódios são afinal parte da sonolenta crónica que vai fazer-se do governo de maioria rosa que conseguiu diminuir o défice, mas que nunca conseguiu reformar. Carrilho tem apenas vontade, do alto do seu potentato verboso, de promover o embelezamento do inadiável através de uma didáctica apresentação em três episódios de uma hipotética reforma do aparelho partidário.